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A Essência da Sabedoria da ( kabbalah ) קַבָּלָה Cabalá

 
               
Material retirado do Bnei Baruch
O que é Kaballah? De acordo com a sabedoria da Cabalá, a realidade consiste de duas forças ou qualidades: o desejo de receber e o desejo de doar, também conhecido como o Criador. A sabedoria da Cabalá é uma ferramenta científica para estudar estas duas forças que são a base de tudo o que nos rodeia.
Nós exploramos o nosso mundo usando ciências naturais como a física, química e biologia. Mas as ciências naturais estudam apenas o mundo físico que nós percebemos com nossos cinco sentidos. Para compreender verdadeiramente o mundo em que vivemos, nós precisamos de uma ferramenta de pesquisa que possa nos ajudar a explorar o reino oculto que os nossos sentidos comuns não conseguem perceber: o mundo controlado por estas duas forças. Esta ferramenta é a sabedoria da Cabalá.

Por que agora?

Por muitos séculos, a Cabalá foi um assunto “banido”, ensinado apenas a uns poucos escolhidos. Cabalistas se esforçavam inclusive em criar histórias que desencorajavam as pessoas a investigar os ensinamentos. Por que a Cabalá está sendo agora ensinada abertamente e estudada em todos os lugares?
Como os Cabalistas Rav Yehuda Ashlag, o Gaon de Vilna (AGRA), e muitos outros proeminentes Cabalistas previram, o final do século 20 marcou uma mudança fundamental na história da humanidade. Pela primeira vez, a humanidade está sendo confrontada com a natureza global deste mundo através de aspectos como a Internet, a economia, e desafios ambientais, para citar apenas alguns. Esta foi exatamente a época que os Cabalistas estavam esperando, pois a Cabalá fornece as ferramentas para operar neste novo mundo conectado globalmente.
A proibição foi agora levantada e a Cabalá está aberta a todos. A humanidade no século XXI tornou-se pronta para ver a Cabalá como ela realmente é: um método científico, empírico, aprovado pelo tempo, para alcançar uma maneira inteiramente nova de se relacionar com ambos os mundos visível e invisível.

Como isso afetará minha vida?

Estudar Cabalá é uma jornada fascinante. Ela muda a nossa perspectiva sobre o mundo e as pessoas ao nosso redor, e revela aspectos dentro de nós mesmos que jamais achávamos que existiam. É uma jornada de descobertas que afetam todos os níveis da vida: os nossos relacionamentos com a nossa família, amigos e colegas de trabalho. A Cabalá afirma de forma simples que quando nós soubermos como nos conectar diretamente com o Criador, sem intermediários, vamos encontrar nossa bússola interior. Este é o objetivo da Cabalá: ajudar-nos a criar, e sustentar um contato direto com o Criador. Quando fizermos isso, não será necessária maior orientação.
Bem-vindo à sabedoria da Cabalá!

Antes explicar o significado da sabedoria da Cabalá, como muitos já o fizeram antes, acho necessário começar esclarecendo a essência desta sabedoria, que creio conhecida por poucos. Obviamente, é impossível falar sobre o significado de uma coisa antes de conhecê-la.
Embora essa sabedoria seja mais ampla e profunda que o mar, farei um grande esforço, com toda a força e conhecimento que possuo, para esclarecê-la e iluminá-la em todos os sentidos, o suficiente para qualquer pessoa tirar as conclusões corretas, como elas realmente são, sem dar margem para erro, como muitas vezes acontece em tais assuntos.

Em torno do que gira a Sabedoria da Cabalá?


Esta questão é levantada por toda pessoa sensata. Para abordá-la corretamente, vou dar uma definição confiável e duradoura: esta sabedoria nada mais é que uma seqüência de raízes, resultante de um sistema de causa e efeito segundo regras fixas e determinadas, entrelaçadas num objetivo único e elevado, descrito como – "a revelação de Sua Divindade a Suas criaturas neste mundo".

E isto serve para o geral e para o particular:
Geral: significa que toda a humanidade é obrigada a alcançar, mais cedo ou mais tarde, esse enorme desenvolvimento, como se diz: “Porque a terra ficará cheia do conhecimento do Senhor, como as águas enchem o mar” (Isaias 11, 9). “Eles não terão mais que instruir seu próximo ou seu irmão, dizendo: “Conhecei o Senhor!” Porque todos me conhecerão, dos menores aos maiores” (Jeremias 31, 34). “Aquele que te instrui não tornará a esconder-se; sim, os teus olhos verão aquele que te instrui.” (Isaias 30,20).
Particular: significa que esta regra é cumprida por indivíduos específicos, antes mesmo que toda a humanidade atinja a perfeição. Em cada geração, eles são favorecidos com certa quantia da revelação de Sua Divindade. Esses são os profetas e os homens de Deus.
E como os nossos sábios disseram: “Não há geração, que não tenha homens como Abraão e Jacob” (Bereshit Raba - Cap.74). Como vemos, a revelação da Divindade é realizada em cada geração, tal como nossos sábios, que consideramos dignos de confiança, proclamam.
A Multiplicidade dos Partzufim, Sefirot e Mundos
Conforme o que foi descrito acima, surge uma questão – visto que esta sabedoria tem somente um único fim, por que existe uma multiplicidade de Partzufim, Sefirot e interações variáveis, tão abundantes nos livros de Cabalá?
Realmente, se tomarmos o corpo de um animal pequeno, cujo único fim é sustentar a si próprio, de modo que possa viver neste mundo, reproduzir-se e cuidar de sua espécie, encontraremos uma complexidade muito maior que um milhão de fibras e tendões, conforme descobriram os fisiologistas e anatomistas; e ainda há muito mais para se descobrir. Por conseqüência, podemos imaginar a grande variedade de estruturas que precisam estar conectadas, a fim de revelar este sublime fim.

Duas Vias: De Cima para Baixo e de Baixo para Cima

A sabedoria da Cabalá é geralmente dividida em duas vias idênticas e paralelas, como duas gotas de água. A única diferença entre elas é que a primeira desce de cima até este mundo, e a segunda começa e se move de baixo para cima, exatamente através do mesmo caminho e combinações imprimidos em sua raiz, quando eles começaram a sua descida de cima para baixo.
A primeira via é denominada “a ordem de descida dos mundos, dos Partzufim e das Sefirot”, com todos os seus eventos, quer sejam duradouros ou transitórios. A última via é denominada “Percepções ou graus de profecia e o Espírito Santo”, e a pessoa que a alcança é obrigada a seguir os mesmos caminhos e a ascender a cada grau e detalhe, etapa por etapa, exatamente de acordo com as mesmas regras que foram impressas nelas durante a sua emanação de cima para baixo.
A revelação da Divindade não surge imediatamente, mas sim gradualmente e após certo tempo, dependendo da pureza daquele que a busca, até que todos os níveis sejam revelados de cima para baixo, um após o outro e um acima do outro, segundo uma ordem, como degraus de uma escada.

Nomes Abstratos

Muitas pessoas acreditam que todos os nomes e palavras na sabedoria da Cabalá são de certa forma abstratos, pois ela trata da Divindade e da espiritualidade, que estão acima do tempo e do espaço, onde nem mesmo a nossa imaginação alcança. É por isso que elas decidiram que esses temas falam de nomes abstratos, pois eles estão completamente – e desde o princípio - desprovidos de elementos imaginários.
Mas isso não é verdade, mas sim o contrário: a Cabalá usa apenas nomes que são concretos e reais. Existe uma lei inexorável para os Cabalistas que diz: “Tudo aquilo que não alcançamos, não definimos com palavras ou nomes”.
É importante sabermos que a palavra “alcançar” (Hassaga, em hebraico) significa o último grau da compreensão. Ela deriva da frase – “que a tua mão alcance” (Ki Tasig Yadcha, em hebraico). Isso significa que até que algo na esteja completamente evidente, como se estivesse nas mãos de alguém, não é considerado pelos Cabalistas como algo “alcançado”, mas sim entendido, compreendido e assim por diante.

A Realidade da Sabedoria da Cabalá

Coisas reais podem ser encontradas até mesmo na realidade física, dispostas diante de nossos olhos, embora não tenhamos a percepção ou a imagem de sua essência. Um exemplo disso é a eletricidade e o magnetismo, chamados “fluidos”.
No entanto, quem poderia dizer que estes nomes não são reais, quando conhecemos bem e de forma satisfatória as suas ações? Não poderíamos ser mais indiferentes ao fato de não concebermos a essência do próprio objeto, como no caso da eletricidade.
Este nome é tão real e próximo a nós, como se fosse percebido totalmente por nossos sentidos. Até mesmo as crianças estão familiarizadas com a palavra “eletricidade”, como estão familiarizadas com as palavras pão, açúcar, etc.
Mas se quisermos aprofundar um pouco o assunto, eu lhes diria que assim como não percebemos o Criador, é impossível alcançarmos a essência de qualquer uma de Suas criaturas, até mesmo dos objetos reais que percebemos com nossas mãos.
Nós só conhecemos os nossos amigos e parentes neste mundo físico através do "conhecimento de suas acções". Estas ações nascem e resultam da interação de nossos sentidos com os sentidos deles. Elas nos satisfazem totalmente, apesar de não percebermos sua essência.

Além disso, não percebemos nossa própria essência. Tudo que sabemos sobre ela nada mais é que uma seqüência de ações que emanam de nossa essência.

Agora podemos facilmente entender que todos os nomes e denominações que aparecem nos livros Cabalísticos são realmente verdadeiros e efetivos, embora não saibamos nada sobre o assunto. Isso porque aqueles que se utilizam deles estão totalmente satisfeitos com a percepção que têm da totalidade suprema, ou seja, uma simples percepção das ações, resultado da interação da Luz superior com aqueles que as percebe.

E isso é mais que suficiente, como diz a lei: "Tudo aquilo que é medido e sai de Sua Providência a fim de se realizar na natureza da criação, é suficiente". Da mesma forma que uma pessoa não exige um sexto dedo em sua mão, pois os cinco já são suficientes.
Os Termos Coporais e os Nomes Físicos nos Livros Cabalísticos

Qualquer pessoa inteligente compreenderá que quando se trata de questões espirituais, e ainda mais quando se trata da Divindade, não há palavras ou letras para expressá-las. Isto porque as nossas palavras são formadas por combinações de letras da nossa imaginação e dos nossos sentidos. Então, como elas podem ser úteis aonde não existe nem imaginação ou sentidos?

Até mesmo as palavras mais simples utilizadas neste contexto, como "Luz Superior", ou “Luz Simples", estão associadas à luz solar, à luz da vela, ou à satisfação que sentimos quando resolvemos uma dúvida importante ou uma nova invenção. Como podemos empregá-las no contexto espiritual e divino? Elas serão falsas e vazias.

É isso que acontece quando precisamos encontrar um sentido nas palavras, que auxilie as habituais pesquisas realizadas durante a busca da sabedoria da Cabalá. Precisamos ser muito rigorosos e precisos, utilizando descrições exatas para os olhos do leitor.

Se o sábio se equivocasse numa só palavra, ele certamente confundiria e enganaria os leitores, que não entenderiam nada do que ele disse antes ou depois dessa palavra, e tudo que estiver ligado a ela. Isto é conhecido por todos que estudam livros de sabedoria.

Assim, é preciso questionar: como os Cabalistas utilizam palavras falsas para explicar as conexões desta sabedoria? Além disso, sabemos que um nome falso não tem definição, e que a mentira tem perna curta.

Na realidade, é preciso ter o conhecimento prévio da Lei das Raízes e dos Ramos, pela qual os mundos se relacionam entre si.

A Lei da Raiz e do Ramo nas Interrelações dos Mundos

Os Cabalistas descobriram que a forma dos quatro mundos - denominados Atzilut, Beria, Yetzira e Assiya, começando pelo primeiro e mais elevado, chamado Atzilut, e terminando neste mundo físico e concreto, chamado Assiya - é exatamente a mesma em todos os seus aspectos e detalhes. Isso significa que tudo o que ocorre no primeiro mundo é encontrado inalterado no mundo abaixo dele. E o mesmo ocorre nos mundos seguintes, até este mundo físico.

Não há diferença entre eles, apenas um nível diferente, percebido na substância da realidade de cada mundo. A substância de cada elemento do primeiro mundo, o mais elevado, é mais pura que a substância do inferior. A substância do segundo mundo é mais grosseira que a do primeiro, mas mais pura que a do mundo que está abaixo dele.

E assim por diante, até chegarmos ao nosso mundo, cuja substância é mais grosseira e mais densa que todos os mundos precedentes. No entanto, as formas e os elementos que caracterizam cada mundo permanecem inalterados e iguais em todos os mundos, tanto em quantidade como em qualidade.

Isto é comparado a um selo e sua impressão. Todas as formas do selo são transferidas perfeitamente, em todos os detalhes e complexidade, ao objeto selado. O mesmo ocorre nos mundos, onde cada mundo inferior é uma impressão do mundo acima dele. Então, todas as formas encontradas no mundo superior são copiadas meticulosamente, em quantidade e qualidade, no que está abaixo.

Assim, não há uma só coisa ou um acontecimento num mundo que não seja encontrado no mundo acima dele. Esta relação que os identifica como duas gotas na lagoa é chamada “a Raiz e seu Ramo”. Isso significa que tudo que existe num mundo é considerado um ramo do mundo superior, que é a sua raiz, da mesma forma que o mundo inferior é o local onde a impressão e a existência da raiz torna-se possível.

Essa foi a intenção de nossos sábios quando disseram, "Não há um pedaço de grama  aqui embaixo que não tenha fortuna (destino) e um guardião acima que a golpeie e lhe ordene crescer". Conseqüentemente, a raiz, chamada “fortuna”, lhe obriga a crescer e a receber seus atributos em quantidade e qualidade, como o selo e a impressão. Esta é a lei da Raiz e do Ramo, que se aplica à realidade de qualquer mundo, em relação ao Mundo que lhe é superior.

A Linguagem dos Cabalistas é a Linguagem dos Ramos


Isto significa que os ramos revelam suas raízes, ou seja, as matrizes que existem obrigatoriamente no mundo superior. Isto porque não existe uma realidade no mundo inferior que não venha do mundo superior. Como um selo e sua impressão, a raiz no mundo superior obriga seu ramo, no mundo inferior, a revelar-se em toda a sua forma e conteúdo, como disseram os nossos sábios: “o destino do mundo superior obriga e força a grama, no mundo inferior, a terminar o seu crescimento”. É por isso que cada ramo neste mundo é uma imagem perfeita de sua matriz situada no mundo superior.

Assim, os Cabalistas encontraram um vocabulário pronto e específico, suficiente para criar uma excelente linguagem falada. Ele permite que eles conversem entre si sobre o que acontece nas raízes espirituais dos mundos superiores, simplesmente mencionando o ramo material deste mundo, o qual é bem definido por nossos sentidos físicos.

Em função do seu próprio avanço, os ouvintes entendem que esse ramo material se refere à raiz superior, sendo sua impressão. Assim, todos os seres da criação física e tudo que se refere a eles tornam-se nomes e palavras bem definidas, designando suas raízes espirituais superiores. Embora não possa haver uma expressão verbal daquilo que é espiritual, pois está além de qualquer imaginação, elas ganham o direito de ser expressas através dos seus ramos, e percebidas por nossos sentidos no mundo material.

Essa é a natureza da linguagem falada entre os Cabalistas, através da qual eles transmitem os níveis espirituais alcançados, de pessoa para pessoa e de geração em geração, tanto pela palavra oral quanto pela escrita. Eles se entendem perfeitamente, com a exatidão necessária para se discutir o estudo da sabedoria com definições precisas e sem equívocos. Isso porque cada ramo tem as sua própria e única definição, absoluta e natural. Esta definição absoluta aponta naturalmente para a sua raiz no mundo superior.

Lembre-se que esta Linguagem Cabalística dos Ramos é mais apropriada para explicar os termos da sabedoria do que todas as outras línguas habituais. A teoria do nominalismo nos ensina que as línguas foram deformadas pelo uso popular. Dito de outra forma, devido ao uso excessivo, as palavras foram esvaziadas de seu conteúdo exato, resultando em grandes dificuldades em se transmitir conclusões precisas, seja pela palavra oral ou pela escrita.

Isso não ocorre com a “Linguagem Cabalística dos Ramos”, cujos termos foram retirados dos nomes da Criação e de seus acontecimentos, dispostos diante de nossos olhos, e definidos pelas leis imutáveis da natureza. Os leitores e os ouvintes nunca serão enganados por uma compreensão errada das palavras empregadas, porque as definições naturais são totalmente inabaláveis e infalíveis.

“A Transmissão da Cabalá por um Sábio a um Estudante que a Compreende”


Assim escreveu o RAMBAN na introdução do seu comentário sobre a Tora: "E é com grande afinidade com todos aqueles que estudam este livro que afirmo que todas as pistas que escrevi nos segredos da Tora não poderão ser alcançadas por nenhuma mente ou inteligência, exceto da boca de um sábio Cabalista ao ouvido daquele que as recebe e as compreende". Assim como escreveu o rabino Chaim Vital em sua introdução à “A Árvore da Vida”, e também nas palavras de nossos sábios (Haguigá, 11): "A pessoa não deve estudar a Cabalá sozinha, a menos que seja sábia e a compreenda por si mesma”.

Compreendemos perfeitamente quando eles dizem que a pessoa deve receber o ensinamento de um sábio Cabalista. Mas por que é necessário que o discípulo seja primeiro sábio e compreenda por si mesmo? Além disso, se ele não for assim, então ele não deve ser ensinado, mesmo sendo a pessoa mais justa no mundo. E ainda, se ele já é sábio e compreende por si mesmo, por que tem que aprender pelos outros?

Com o que foi dito anteriormente, explicaremos: temos visto que todas as palavras e expressões que os nossos lábios pronunciam não podem nos ajudar a transmitir uma só palavra da espiritualidade ou da divindade, as quais estão além do tempo e espaço imaginários. Por isso, existe uma linguagem especial para estas questões, a Linguagem dos Ramos, que mostra a sua relação com as raízes superiores.

No entanto, ainda que esta linguagem seja extremamente adequada à tarefa de se aprofundar nos estudos desta sabedoria, isso só é possível se o ouvinte for sábio por si mesmo, ou seja, se ele souber e compreender o modo como os ramos se relacionam com suas raízes. Isso porque estas relações não são de modo algum claras quando vistas de baixo para cima; ou seja, olhando apenas os ramos inferiores, é impossível deduzir quais são as suas raízes superiores.

Muito pelo contrário, os ramos são estudados a partir das raízes. Assim, precisamos atingir primeiro as raízes superiores, a forma como elas realmente são na espiritualidade, além de qualquer imaginação, através de uma percepção pura. Após ter alcançado perfeitamente as Raízes Superiores com sua própria mente, o estudante poderá analisar os ramos concretos neste mundo e saber de que modo cada ramo se relaciona com sua raiz no Mundo Superior, segundo sua ordem, qualidade e quantidade.

Quando o estudante sabe e compreende perfeitamente tudo isso, ele encontra uma linguagem comum com seu Mestre, denominada A Linguagem dos Ramos. Ao empregá-la, o cabalista poderá transmitir ao estudante todos os estudos relacionados com os Mundos Espirituais Superiores, tanto aqueles que recebeu dos seus mestres, como os que descobriu por si mesmo. Isso porque agora eles têm uma linguagem comum e se entendem entre si.

Entretanto, se o estudante não é sábio e não compreende por si mesmo, ele não entenderá a linguagem nem a relação entre as Raízes e os Ramos, e o mestre não poderá explicar-lhe uma só palavra desta sabedoria espiritual. Eles não poderão discutir temas de Cabalá porque não possuem uma linguagem em comum para usarem, tornando-se por assim dizer mudos. Assim, não se ensina a da Cabalá a menos que o estudante seja sábio e compreenda por si mesmo.

E aqui surge uma nova pergunta: como é que o estudante tornou-se sábio a ponto de conhecer a relação entre ramo e raiz através do estudo das raízes superiores? A resposta é que os esforços do estudante são em vão, pois é a ajuda de Deus que precisamos! Aquele que encontra graça aos olhos de Deus, é preenchido com sabedoria, entendimento e conhecimento, a fim de alcançar conquistas sublimes. No estágio atual, é impossível receber ajuda de uma pessoa de carne e osso!

Na verdade, tendo encontrado a graça aos olhos de Deus e adquirido a percepção divina, o estudante está pronto para receber toda a imensidão da sabedoria de um sábio Cabalista, pois agora eles têm uma linguagem em comum.


Nomes Estranhos ao Espírito humano

Por tudo aquilo que foi dito anteriormente se compreenderá por que encontramos nos livros de Cabalá nomes e termos totalmente estranhos ao espírito humano. Eles são abundantes nos livros básicos de Cabalá: o Zohar, as retificações do Zohar e os livros do ARI. Isso é realmente surpreendente. Por que estes sábios usaram palavras tão inferiores para expressar temas tão superiores e sagrados?

Nós compreenderemos perfeitamente tudo isso à medida que adquirirmos as concepções acima. Isto porque agora está claro que nenhuma língua no mundo pode ser usada para explicar esta sabedoria, exceto aquela que é destinada a esse fim, denominada A Linguagem dos Ramos, em relação com suas raízes superiores.

Assim, obviamente, nenhum ramo, ou fração de um ramo, deve ser negligenciado devido ao seu grau inferior, ou não ser utilizado para exprimir o conceito desejado nas interligações da sabedoria, pois não existe outro ramo neste mundo para substituí-lo.

Como não existem dois fios de cabelos saindo do mesmo folículo, não existem dois ramos relacionados à mesma raiz. Por isso, se deixamos de fora um ramo e não o utilizamos, perdemos o conceito espiritual correspondente a ele no Mundo Superior, porque não temos uma única palavra que, pronunciada em seu lugar, indique aquela raiz. Além disso, poderíamos prejudicar toda a sabedoria, em toda a sua imensidão, uma vez que faltaria um elo na cadeia da sabedoria ligado a esse conceito.

Com isso, toda a sabedoria fica mutilada, pois não existe outra sabedoria no mundo onde os temas se fundem e se mesclam entre si, por meio de causa e efeito, do princípio ao fim, como a sabedoria da Cabalá, conectados dos pés à cabeça como uma longa cadeia. Portanto, após a perda temporária de um conhecimento, por menor que seja, toda sabedoria se obscurece diante de nossos olhos, pois seus temas estão unidos fortemente entre si e formam um todo.


Não devemos estranhar que os sábios utilizem ocasionalmente termos estranhos, porque eles não têm liberdade de escolha para substituir o mau pelo bom, ou o bom pelo mau. Eles devem sempre utilizar o mesmo ramo, que define exatamente a sua raiz superior em toda a sua extensão. Além disso, os temas devem ser suficientemente desenvolvidos para fornecer uma definição precisa aos olhos de seus colegas de estudo.

Prefácio ao Livro do Zohar
MAVO le-Sefer ha-Zohar

34) Não se deixe surpreender que encontre tal conduta na nossa percepção corporal. Tome o nosso sentido da visão, por exemplo: nós vemos todo um mundo diante de nós, maravilhosamente preenchido. Mas, na verdade, nós vemos tudo isso em nosso próprio interior. Em outras palavras, há uma espécie de máquina fotográfica na parte posterior do nosso cérebro, que retrata tudo o que aparece para nós, e nada fora de nós.
Por isso, Ele fez em nosso cérebro, uma espécie de espelho polido que inverte tudo o que se vê, a fim de que o vejamos fora do nosso cérebro, diante da nossa face. No entanto, o que vemos fora de nós não é uma coisa real. Entretanto, nós devemos ser gratos a Sua Providência por ter criado esse espelho polido em nossos cérebros, que nos permite ver e perceber tudo fora de nós. Isto porque Ele nos deu o poder de perceber tudo com o conhecimento e realização claros, e medir tudo de dentro e de fora.
Sem isso, nós perderíamos a maior parte da nossa percepção. O mesmo sucede com os piedosos, sobre as percepções divinas. Apesar de todas estas mudanças se desenrolam no interior das almas que recebem, não deixam de vê-lo todo no mesmo doador, pois só desta forma são concedidas todas as percepções e todas as delícias no Pensamento da Criação.
Você também pode deduzir que a partir da parábola acima. Mesmo que nós vemos tudo como realmente estar em frente de nós, cada pessoa sensata sabe ao certo que tudo o que vemos é apenas dentro de nossos próprios cérebros.
Assim são as almas: apesar de ver todas as imagens do Doador, que ainda não tenho nenhuma dúvida que tudo isso é só no seu próprio interior, e não na do Doador. 
13) A questão é que, da mesma forma que os objetos físicos estão separados pela distância geográfica, as entidades espirituais estão separadas por meio da disparidade entre elas. Isso também pode ser visto em nosso mundo. Por exemplo: quando duas pessoas partilham o mesmo pensamento, o fato delas estarem espacialmente em lugares diferentes, não lhes causa distanciamento.
O mesmo se aplica no sentido inverso. Quando suas formas de ver as coisas são muito diferentes, elas se odeiam e a proximidade espacial não resultará na proximidade mútua. Portanto, a diferença de forma quanto ao seu modo de pensar as distancia, e a proximidade de forma as aproxima. Se, por exemplo, a natureza de uma fosse completamente oposta à da outra, então elas estariam ambas tão distantes entre si como o leste do oeste.
Da mesma forma, todas as questões sobre a proximidade e a distância, o acoplamento (Zivug) e a unidade, que se revelam na espiritualidade, são apenas graus de disparidade de forma. Afastam-se uma da outra conforme a medida de disparidade de forma, e se juntam segundo a medida de equivalência de forma.
De qualquer forma vocês devem entender que, apesar do desejo de receber ser uma lei obrigatória para a criatura, já que é a própria essência da criatura e é o Kli adequado para alcançar o objetivo do Pensamento da Criação, isso o separa completamente do Emanador. A razão para isso é que existe disparidade de forma a ponto de existir total oposição entre a criatura e o Emanador. Isso ocorre porque o Emanador é pura doação, sem qualquer traço de recepção; e a criatura é pura recepção, sem qualquer traço de doação. Assim, não há oposição de forma maior do que essa. Portanto, inferimos que essa oposição de forma necessariamente a separa do Criador.
A Essência da Sabedoria da Cabalá
Antes explicar o significado da sabedoria da Cabalá, como muitos já o fizeram antes, acho necessário começar esclarecendo a essência desta sabedoria, que creio conhecida por poucos. Obviamente, é impossível falar sobre o significado de uma coisa antes de conhecê-la.
Embora essa sabedoria seja mais ampla e profunda que o mar, farei um grande esforço, com toda a força e conhecimento que possuo, para esclarecê-la e iluminá-la em todos os sentidos, o suficiente para qualquer pessoa tirar as conclusões corretas, como elas realmente são, sem dar margem para erro, como muitas vezes acontece em tais assuntos.

Em torno do que gira a Sabedoria da Cabalá?


Esta questão é levantada por toda pessoa sensata. Para abordá-la corretamente, vou dar uma definição confiável e duradoura: esta sabedoria nada mais é que uma seqüência de raízes, resultante de um sistema de causa e efeito segundo regras fixas e determinadas, entrelaçadas num objetivo único e elevado, descrito como – "a revelação de Sua Divindade a Suas criaturas neste mundo".

E isto serve para o geral e para o particular:
Geral: significa que toda a humanidade é obrigada a alcançar, mais cedo ou mais tarde, esse enorme desenvolvimento, como se diz: “Porque a terra ficará cheia do conhecimento do Senhor, como as águas enchem o mar” (Isaias 11, 9). “Eles não terão mais que instruir seu próximo ou seu irmão, dizendo: “Conhecei o Senhor!” Porque todos me conhecerão, dos menores aos maiores” (Jeremias 31, 34). “Aquele que te instrui não tornará a esconder-se; sim, os teus olhos verão aquele que te instrui.” (Isaias 30,20).
Particular: significa que esta regra é cumprida por indivíduos específicos, antes mesmo que toda a humanidade atinja a perfeição. Em cada geração, eles são favorecidos com certa quantia da revelação de Sua Divindade. Esses são os profetas e os homens de Deus.
E como os nossos sábios disseram: “Não há geração, que não tenha homens como Abraão e Jacob” (Bereshit Raba - Cap.74). Como vemos, a revelação da Divindade é realizada em cada geração, tal como nossos sábios, que consideramos dignos de confiança, proclamam.
A Multiplicidade dos Partzufim, Sefirot e Mundos
Conforme o que foi descrito acima, surge uma questão – visto que esta sabedoria tem somente um único fim, por que existe uma multiplicidade de Partzufim, Sefirot e interações variáveis, tão abundantes nos livros de Cabalá?
Realmente, se tomarmos o corpo de um animal pequeno, cujo único fim é sustentar a si próprio, de modo que possa viver neste mundo, reproduzir-se e cuidar de sua espécie, encontraremos uma complexidade muito maior que um milhão de fibras e tendões, conforme descobriram os fisiologistas e anatomistas; e ainda há muito mais para se descobrir. Por conseqüência, podemos imaginar a grande variedade de estruturas que precisam estar conectadas, a fim de revelar este sublime fim.

Duas Vias: De Cima para Baixo e de Baixo para Cima

A sabedoria da Cabalá é geralmente dividida em duas vias idênticas e paralelas, como duas gotas de água. A única diferença entre elas é que a primeira desce de cima até este mundo, e a segunda começa e se move de baixo para cima, exatamente através do mesmo caminho e combinações imprimidos em sua raiz, quando eles começaram a sua descida de cima para baixo.
A primeira via é denominada “a ordem de descida dos mundos, dos Partzufim e das Sefirot”, com todos os seus eventos, quer sejam duradouros ou transitórios. A última via é denominada “Percepções ou graus de profecia e o Espírito Santo”, e a pessoa que a alcança é obrigada a seguir os mesmos caminhos e a ascender a cada grau e detalhe, etapa por etapa, exatamente de acordo com as mesmas regras que foram impressas nelas durante a sua emanação de cima para baixo.
A revelação da Divindade não surge imediatamente, mas sim gradualmente e após certo tempo, dependendo da pureza daquele que a busca, até que todos os níveis sejam revelados de cima para baixo, um após o outro e um acima do outro, segundo uma ordem, como degraus de uma escada.

Nomes Abstratos

Muitas pessoas acreditam que todos os nomes e palavras na sabedoria da Cabalá são de certa forma abstratos, pois ela trata da Divindade e da espiritualidade, que estão acima do tempo e do espaço, onde nem mesmo a nossa imaginação alcança. É por isso que elas decidiram que esses temas falam de nomes abstratos, pois eles estão completamente – e desde o princípio - desprovidos de elementos imaginários.
Mas isso não é verdade, mas sim o contrário: a Cabalá usa apenas nomes que são concretos e reais. Existe uma lei inexorável para os Cabalistas que diz: “Tudo aquilo que não alcançamos, não definimos com palavras ou nomes”.
É importante sabermos que a palavra “alcançar” (Hassaga, em hebraico) significa o último grau da compreensão. Ela deriva da frase – “que a tua mão alcance” (Ki Tasig Yadcha, em hebraico). Isso significa que até que algo na esteja completamente evidente, como se estivesse nas mãos de alguém, não é considerado pelos Cabalistas como algo “alcançado”, mas sim entendido, compreendido e assim por diante.

A Realidade da Sabedoria da Cabalá

Coisas reais podem ser encontradas até mesmo na realidade física, dispostas diante de nossos olhos, embora não tenhamos a percepção ou a imagem de sua essência. Um exemplo disso é a eletricidade e o magnetismo, chamados “fluidos”.
No entanto, quem poderia dizer que estes nomes não são reais, quando conhecemos bem e de forma satisfatória as suas ações? Não poderíamos ser mais indiferentes ao fato de não concebermos a essência do próprio objeto, como no caso da eletricidade.
Este nome é tão real e próximo a nós, como se fosse percebido totalmente por nossos sentidos. Até mesmo as crianças estão familiarizadas com a palavra “eletricidade”, como estão familiarizadas com as palavras pão, açúcar, etc.
Mas se quisermos aprofundar um pouco o assunto, eu lhes diria que assim como não percebemos o Criador, é impossível alcançarmos a essência de qualquer uma de Suas criaturas, até mesmo dos objetos reais que percebemos com nossas mãos.
Nós só conhecemos os nossos amigos e parentes neste mundo físico através do "conhecimento de suas acções". Estas ações nascem e resultam da interação de nossos sentidos com os sentidos deles. Elas nos satisfazem totalmente, apesar de não percebermos sua essência.

Além disso, não percebemos nossa própria essência. Tudo que sabemos sobre ela nada mais é que uma seqüência de ações que emanam de nossa essência.

Agora podemos facilmente entender que todos os nomes e denominações que aparecem nos livros Cabalísticos são realmente verdadeiros e efetivos, embora não saibamos nada sobre o assunto. Isso porque aqueles que se utilizam deles estão totalmente satisfeitos com a percepção que têm da totalidade suprema, ou seja, uma simples percepção das ações, resultado da interação da Luz superior com aqueles que as percebe.

E isso é mais que suficiente, como diz a lei: "Tudo aquilo que é medido e sai de Sua Providência a fim de se realizar na natureza da criação, é suficiente". Da mesma forma que uma pessoa não exige um sexto dedo em sua mão, pois os cinco já são suficientes.
Os Termos Coporais e os Nomes Físicos nos Livros Cabalísticos

Qualquer pessoa inteligente compreenderá que quando se trata de questões espirituais, e ainda mais quando se trata da Divindade, não há palavras ou letras para expressá-las. Isto porque as nossas palavras são formadas por combinações de letras da nossa imaginação e dos nossos sentidos. Então, como elas podem ser úteis aonde não existe nem imaginação ou sentidos?

Até mesmo as palavras mais simples utilizadas neste contexto, como "Luz Superior", ou “Luz Simples", estão associadas à luz solar, à luz da vela, ou à satisfação que sentimos quando resolvemos uma dúvida importante ou uma nova invenção. Como podemos empregá-las no contexto espiritual e divino? Elas serão falsas e vazias.

É isso que acontece quando precisamos encontrar um sentido nas palavras, que auxilie as habituais pesquisas realizadas durante a busca da sabedoria da Cabalá. Precisamos ser muito rigorosos e precisos, utilizando descrições exatas para os olhos do leitor.

Se o sábio se equivocasse numa só palavra, ele certamente confundiria e enganaria os leitores, que não entenderiam nada do que ele disse antes ou depois dessa palavra, e tudo que estiver ligado a ela. Isto é conhecido por todos que estudam livros de sabedoria.

Assim, é preciso questionar: como os Cabalistas utilizam palavras falsas para explicar as conexões desta sabedoria? Além disso, sabemos que um nome falso não tem definição, e que a mentira tem perna curta.

Na realidade, é preciso ter o conhecimento prévio da Lei das Raízes e dos Ramos, pela qual os mundos se relacionam entre si.

A Lei da Raiz e do Ramo nas Interrelações dos Mundos

Os Cabalistas descobriram que a forma dos quatro mundos - denominados Atzilut, Beria, Yetzira e Assiya, começando pelo primeiro e mais elevado, chamado Atzilut, e terminando neste mundo físico e concreto, chamado Assiya - é exatamente a mesma em todos os seus aspectos e detalhes. Isso significa que tudo o que ocorre no primeiro mundo é encontrado inalterado no mundo abaixo dele. E o mesmo ocorre nos mundos seguintes, até este mundo físico.

Não há diferença entre eles, apenas um nível diferente, percebido na substância da realidade de cada mundo. A substância de cada elemento do primeiro mundo, o mais elevado, é mais pura que a substância do inferior. A substância do segundo mundo é mais grosseira que a do primeiro, mas mais pura que a do mundo que está abaixo dele.

E assim por diante, até chegarmos ao nosso mundo, cuja substância é mais grosseira e mais densa que todos os mundos precedentes. No entanto, as formas e os elementos que caracterizam cada mundo permanecem inalterados e iguais em todos os mundos, tanto em quantidade como em qualidade.

Isto é comparado a um selo e sua impressão. Todas as formas do selo são transferidas perfeitamente, em todos os detalhes e complexidade, ao objeto selado. O mesmo ocorre nos mundos, onde cada mundo inferior é uma impressão do mundo acima dele. Então, todas as formas encontradas no mundo superior são copiadas meticulosamente, em quantidade e qualidade, no que está abaixo.

Assim, não há uma só coisa ou um acontecimento num mundo que não seja encontrado no mundo acima dele. Esta relação que os identifica como duas gotas na lagoa é chamada “a Raiz e seu Ramo”. Isso significa que tudo que existe num mundo é considerado um ramo do mundo superior, que é a sua raiz, da mesma forma que o mundo inferior é o local onde a impressão e a existência da raiz torna-se possível.

Essa foi a intenção de nossos sábios quando disseram, "Não há um pedaço de grama  aqui embaixo que não tenha fortuna (destino) e um guardião acima que a golpeie e lhe ordene crescer". Conseqüentemente, a raiz, chamada “fortuna”, lhe obriga a crescer e a receber seus atributos em quantidade e qualidade, como o selo e a impressão. Esta é a lei da Raiz e do Ramo, que se aplica à realidade de qualquer mundo, em relação ao Mundo que lhe é superior.

A Linguagem dos Cabalistas é a Linguagem dos Ramos


Isto significa que os ramos revelam suas raízes, ou seja, as matrizes que existem obrigatoriamente no mundo superior. Isto porque não existe uma realidade no mundo inferior que não venha do mundo superior. Como um selo e sua impressão, a raiz no mundo superior obriga seu ramo, no mundo inferior, a revelar-se em toda a sua forma e conteúdo, como disseram os nossos sábios: “o destino do mundo superior obriga e força a grama, no mundo inferior, a terminar o seu crescimento”. É por isso que cada ramo neste mundo é uma imagem perfeita de sua matriz situada no mundo superior.

Assim, os Cabalistas encontraram um vocabulário pronto e específico, suficiente para criar uma excelente linguagem falada. Ele permite que eles conversem entre si sobre o que acontece nas raízes espirituais dos mundos superiores, simplesmente mencionando o ramo material deste mundo, o qual é bem definido por nossos sentidos físicos.

Em função do seu próprio avanço, os ouvintes entendem que esse ramo material se refere à raiz superior, sendo sua impressão. Assim, todos os seres da criação física e tudo que se refere a eles tornam-se nomes e palavras bem definidas, designando suas raízes espirituais superiores. Embora não possa haver uma expressão verbal daquilo que é espiritual, pois está além de qualquer imaginação, elas ganham o direito de ser expressas através dos seus ramos, e percebidas por nossos sentidos no mundo material.

Essa é a natureza da linguagem falada entre os Cabalistas, através da qual eles transmitem os níveis espirituais alcançados, de pessoa para pessoa e de geração em geração, tanto pela palavra oral quanto pela escrita. Eles se entendem perfeitamente, com a exatidão necessária para se discutir o estudo da sabedoria com definições precisas e sem equívocos. Isso porque cada ramo tem as sua própria e única definição, absoluta e natural. Esta definição absoluta aponta naturalmente para a sua raiz no mundo superior.

Lembre-se que esta Linguagem Cabalística dos Ramos é mais apropriada para explicar os termos da sabedoria do que todas as outras línguas habituais. A teoria do nominalismo nos ensina que as línguas foram deformadas pelo uso popular. Dito de outra forma, devido ao uso excessivo, as palavras foram esvaziadas de seu conteúdo exato, resultando em grandes dificuldades em se transmitir conclusões precisas, seja pela palavra oral ou pela escrita.

Isso não ocorre com a “Linguagem Cabalística dos Ramos”, cujos termos foram retirados dos nomes da Criação e de seus acontecimentos, dispostos diante de nossos olhos, e definidos pelas leis imutáveis da natureza. Os leitores e os ouvintes nunca serão enganados por uma compreensão errada das palavras empregadas, porque as definições naturais são totalmente inabaláveis e infalíveis.

“A Transmissão da Cabalá por um Sábio a um Estudante que a Compreende”


Assim escreveu o RAMBAN na introdução do seu comentário sobre a Tora: "E é com grande afinidade com todos aqueles que estudam este livro que afirmo que todas as pistas que escrevi nos segredos da Tora não poderão ser alcançadas por nenhuma mente ou inteligência, exceto da boca de um sábio Cabalista ao ouvido daquele que as recebe e as compreende". Assim como escreveu o rabino Chaim Vital em sua introdução à “A Árvore da Vida”, e também nas palavras de nossos sábios (Haguigá, 11): "A pessoa não deve estudar a Cabalá sozinha, a menos que seja sábia e a compreenda por si mesma”.

Compreendemos perfeitamente quando eles dizem que a pessoa deve receber o ensinamento de um sábio Cabalista. Mas por que é necessário que o discípulo seja primeiro sábio e compreenda por si mesmo? Além disso, se ele não for assim, então ele não deve ser ensinado, mesmo sendo a pessoa mais justa no mundo. E ainda, se ele já é sábio e compreende por si mesmo, por que tem que aprender pelos outros?

Com o que foi dito anteriormente, explicaremos: temos visto que todas as palavras e expressões que os nossos lábios pronunciam não podem nos ajudar a transmitir uma só palavra da espiritualidade ou da divindade, as quais estão além do tempo e espaço imaginários. Por isso, existe uma linguagem especial para estas questões, a Linguagem dos Ramos, que mostra a sua relação com as raízes superiores.

No entanto, ainda que esta linguagem seja extremamente adequada à tarefa de se aprofundar nos estudos desta sabedoria, isso só é possível se o ouvinte for sábio por si mesmo, ou seja, se ele souber e compreender o modo como os ramos se relacionam com suas raízes. Isso porque estas relações não são de modo algum claras quando vistas de baixo para cima; ou seja, olhando apenas os ramos inferiores, é impossível deduzir quais são as suas raízes superiores.

Muito pelo contrário, os ramos são estudados a partir das raízes. Assim, precisamos atingir primeiro as raízes superiores, a forma como elas realmente são na espiritualidade, além de qualquer imaginação, através de uma percepção pura. Após ter alcançado perfeitamente as Raízes Superiores com sua própria mente, o estudante poderá analisar os ramos concretos neste mundo e saber de que modo cada ramo se relaciona com sua raiz no Mundo Superior, segundo sua ordem, qualidade e quantidade.

Quando o estudante sabe e compreende perfeitamente tudo isso, ele encontra uma linguagem comum com seu Mestre, denominada A Linguagem dos Ramos. Ao empregá-la, o cabalista poderá transmitir ao estudante todos os estudos relacionados com os Mundos Espirituais Superiores, tanto aqueles que recebeu dos seus mestres, como os que descobriu por si mesmo. Isso porque agora eles têm uma linguagem comum e se entendem entre si.

Entretanto, se o estudante não é sábio e não compreende por si mesmo, ele não entenderá a linguagem nem a relação entre as Raízes e os Ramos, e o mestre não poderá explicar-lhe uma só palavra desta sabedoria espiritual. Eles não poderão discutir temas de Cabalá porque não possuem uma linguagem em comum para usarem, tornando-se por assim dizer mudos. Assim, não se ensina a da Cabalá a menos que o estudante seja sábio e compreenda por si mesmo.

E aqui surge uma nova pergunta: como é que o estudante tornou-se sábio a ponto de conhecer a relação entre ramo e raiz através do estudo das raízes superiores? A resposta é que os esforços do estudante são em vão, pois é a ajuda de Deus que precisamos! Aquele que encontra graça aos olhos de Deus, é preenchido com sabedoria, entendimento e conhecimento, a fim de alcançar conquistas sublimes. No estágio atual, é impossível receber ajuda de uma pessoa de carne e osso!

Na verdade, tendo encontrado a graça aos olhos de Deus e adquirido a percepção divina, o estudante está pronto para receber toda a imensidão da sabedoria de um sábio Cabalista, pois agora eles têm uma linguagem em comum.


Nomes Estranhos ao Espírito humano

Por tudo aquilo que foi dito anteriormente se compreenderá por que encontramos nos livros de Cabalá nomes e termos totalmente estranhos ao espírito humano. Eles são abundantes nos livros básicos de Cabalá: o Zohar, as retificações do Zohar e os livros do ARI. Isso é realmente surpreendente. Por que estes sábios usaram palavras tão inferiores para expressar temas tão superiores e sagrados?

Nós compreenderemos perfeitamente tudo isso à medida que adquirirmos as concepções acima. Isto porque agora está claro que nenhuma língua no mundo pode ser usada para explicar esta sabedoria, exceto aquela que é destinada a esse fim, denominada A Linguagem dos Ramos, em relação com suas raízes superiores.

Assim, obviamente, nenhum ramo, ou fração de um ramo, deve ser negligenciado devido ao seu grau inferior, ou não ser utilizado para exprimir o conceito desejado nas interligações da sabedoria, pois não existe outro ramo neste mundo para substituí-lo.

Como não existem dois fios de cabelos saindo do mesmo folículo, não existem dois ramos relacionados à mesma raiz. Por isso, se deixamos de fora um ramo e não o utilizamos, perdemos o conceito espiritual correspondente a ele no Mundo Superior, porque não temos uma única palavra que, pronunciada em seu lugar, indique aquela raiz. Além disso, poderíamos prejudicar toda a sabedoria, em toda a sua imensidão, uma vez que faltaria um elo na cadeia da sabedoria ligado a esse conceito.

Com isso, toda a sabedoria fica mutilada, pois não existe outra sabedoria no mundo onde os temas se fundem e se mesclam entre si, por meio de causa e efeito, do princípio ao fim, como a sabedoria da Cabalá, conectados dos pés à cabeça como uma longa cadeia. Portanto, após a perda temporária de um conhecimento, por menor que seja, toda sabedoria se obscurece diante de nossos olhos, pois seus temas estão unidos fortemente entre si e formam um todo.

Não devemos estranhar que os sábios utilizem ocasionalmente termos estranhos, porque eles não têm liberdade de escolha para substituir o mau pelo bom, ou o bom pelo mau. Eles devem sempre utilizar o mesmo ramo, que define exatamente a sua raiz superior em toda a sua extensão. Além disso, os temas devem ser suficientemente desenvolvidos para fornecer uma definição precisa aos olhos de seus colegas de estudo.

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