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quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Pêssach: o que é e como celebrar?




Pêssach: o que é e como celebrar?
Por Tsadok Ben Derech

VISÃO PANORÂMICA DE PÊSSACH
Um mal que assola muitas pessoas é a falta de memória. Com o passar do tempo, quando envelhecemos, tendemos a nos esquecer de muitos fatos de nossa vida. Às vezes, não nos lembramos bem de algo que aconteceu há vinte anos atrás.

E o que você diria de eventos que ocorreram há três mil anos? Praticamente todos os povos iriam esquecê-los com facilidade, exceto Israel!

Para evitar a amnésia de Seu povo, YHWH prescreveu um antídoto: as festas bíblicas!!!

YHWH estimula as celebrações para despertar a memória de seu povo, visto que as recordações dos grandes feitos do ETERNO mantêm a chama acesa no coração de Israel.

Da primavera até o outono, existem três festas denominadas Festas da Peregrinação, em que os filhos de Israel deveriam se dirigir ao Templo em Yerushalayim para celebrá-las: Pêssach, Shavuot e Sukot. São conhecidas como “shalosh regalim” (três pés), pois comemoram três eventos marcantes do povo de Israel, relacionados à saída do Egito e à jornada para a Terra Prometida.

Pêssach (פסח) é a festa determinada por YHWH com o objetivo de comemorar a libertação do povo de Israel da escravidão no Egito, conforme o relato de Shemot/Êxodo 12:

1. YHWH disse a Moshé e a Aharon, no Egito:

2. Este deverá ser o primeiro mês do ano para vocês.

3. Digam a toda a comunidade de Israel que no décimo dia deste mês todo homem deverá separar um cordeiro ou um carneiro, para a sua família, um para cada casa.

4. Se uma família for pequena demais para um animal inteiro, deve dividi-lo com seu vizinho mais próximo, conforme o número de pessoas e conforme o que cada um puder comer.

5. O animal escolhido será macho de um ano, sem defeito, e pode ser cordeiro ou carneiro.

6. Guardem-no até o décimo quarto dia do mês, quando toda a comunidade de Israel irá sacrificá-lo, ao pôr do sol.

7. Passem, então, um pouco do sangue nas laterais e nas vigas superiores das portas das casas nas quais vocês comerão o animal.

8. Naquela mesma noite comerão a carne assada no fogo, com ervas amargas e matsá [massa sem fermento].

9. Não comam a carne crua, nem cozida em água, mas assada no fogo: cabeça, pernas e vísceras.

10. Não deixem sobrar nada até pela manhã; caso isso aconteça, queimem o que restar.

11. Ao comerem, estejam prontos para sair: cinto no lugar, sandálias nos pés e cajado na mão. Comam apressadamente. Este é o Pêssach de YHWH.

12. Naquela mesma noite passarei pelo Egito e matarei todos os primogênitos, tanto dos homens como dos animais, e executarei juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou YHWH!

13. O sangue será um sinal para indicar as casas em que vocês estiverem; quando eu vir o sangue, passarei adiante. A praga de destruição não os atingirá quando eu ferir o Egito.

14. Este dia será um memorial que vocês e todos os seus descendentes celebrarão como festa a YHWH. Celebrem-na como decreto perpétuo.

15. Durante sete dias comam matsá [massa sem levedo/fermento]. No primeiro dia tirem de casa o seor [levedo/fermento], porque quem comer qualquer coisa com chamêts [o que é levedado], do primeiro ao sétimo dia, será eliminado de Israel.

16. Convoquem uma reunião santa no primeiro dia e outra no sétimo. Não façam nenhum trabalho nesses dias, exceto o da preparação da comida para todos. É só o que poderão fazer.

17. Guardem a festa de matsôt [massas não-levedadas], porque foi nesse mesmo dia que eu tirei os exércitos de vocês do Egito. Guardem esse dia como decreto perpétuo por todas as suas gerações.

18. No primeiro mês comam matsá [massa sem fermento], desde o entardecer do décimo quarto dia até o entardecer do vigésimo primeiro.

19. Durante sete dias vocês não deverão ter seor [levedo/fermento] em casa. Quem comer qualquer coisa com chamêts [o que é levedado] será eliminado da comunidade de Israel, seja estrangeiro, seja natural da terra.

20. Não comam nada com chamêts [o que é levedado]. Onde quer que morarem, comam apenas matsá [massa sem levedo/fermento].

21. Então Moshé convocou todas as autoridades de Israel e lhes disse: Escolham um cordeiro ou um carneiro para cada família. Sacrifiquem-no para celebrar Pêssach!

22. Molhem um feixe de hissopo no sangue que estiver na bacia e passem o sangue na viga superior e nas laterais das portas. Nenhum de vocês poderá sair de casa até o amanhecer.

23 Quando YHWH passar pela terra para matar os egípcios, verá o sangue na viga superior e nas laterais da porta e passará sobre aquela porta, e não permitirá que o destruidor entre na casa de vocês para matá-los.

24. Obedeçam a estas instruções como decreto perpétuo para vocês e para os seus descendentes.

25. Quando entrarem na terra que YHWH prometeu lhes dar, celebrem essa cerimônia.

26. Quando os seus filhos lhes perguntarem: “O que significa esta cerimônia?”,

27. respondam-lhes: É o sacrifício de Pêssach a YHWH, que passou sobre as casas dos israelitas no Egito e poupou nossas casas quando matou os egípcios. Então o povo curvou-se em adoração.

28. Depois os israelitas se retiraram e fizeram conforme YHWH tinha ordenado a Moshé e a Aharon.

29. Então, à meia-noite, YHWH matou todos os primogênitos do Egito, desde o filho mais velho do faraó, herdeiro do trono, até o filho mais velho do prisioneiro que estava no calabouço, e também todas as primeiras crias do gado.

30. No meio da noite o faraó, todos os seus conselheiros e todos os egípcios se levantaram. E houve grande pranto no Egito, pois não havia casa que não tivesse um morto.

31. Naquela mesma noite o faraó mandou chamar Moshé e Aharon e lhes disse: Saiam imediatamente do meio do meu povo, vocês e os israelitas! Vão prestar culto a YHWH, como vocês pediram.

32. Levem os seus rebanhos, como tinham dito, e abençoem a mim também.

33. Os egípcios pressionavam o povo para que se apressasse em sair do país, dizendo: “Todos nós morreremos!”

34. Então o povo tomou a massa antes de sua fermentação e a carregou nos ombros, nas amassadeiras embrulhadas em suas roupas.

35. Os israelitas obedeceram à ordem de Moshé e pediram aos egípcios objetos de prata e de ouro, bem como roupas.

36. YHWH concedeu ao povo uma disposição favorável da parte dos egípcios, de modo que lhes davam o que pediam; assim eles despojaram os egípcios.

37. Os israelitas foram de Ra’amses até Sukot. Havia cerca de seiscentos mil homens a pé, além de mulheres e crianças.

38. Grande multidão de estrangeiros de todo tipo seguiu com eles, além de grandes rebanhos, tanto de bois como de ovelhas e cabras.

39. Com a massa que haviam trazido do Egito, fizeram matsôt [massas não-levedadas]. A massa não tinha levedado, pois eles foram expulsos do Egito e não tiveram tempo de preparar comida.

40. Ora, o período que os israelitas viveram no Egito foi de quatrocentos e trinta anos.

41. No dia em que se completaram os quatrocentos e trinta anos, todos os exércitos de YHWH saíram do Egito.

42. Assim como YHWH passou em vigília aquela noite para tirar do Egito os israelitas, estes também devem passar em vigília essa mesma noite, para honrar a YHWH, por todas as suas gerações.

43. Disse a YHW a Moshé e a Aharon: Estas são as leis de Pêssach: Nenhum estrangeiro poderá comê-la.

44. O escravo comprado poderá comer do Pêssach, depois de circuncidado,

45. mas o residente temporário e o trabalhador contratado dela não comerão.

46. Vocês a comerão numa só casa; não levem nenhum pedaço de carne para fora da casa, nem quebrem nenhum dos ossos.

47. Toda a comunidade de Israel terá que guardar Pêssach.

48. Qualquer estrangeiro residente entre vocês que quiser celebrar o Pêssach de YHWH terá que circuncidar todos os do sexo masculino da sua família; então poderá participar como o natural da terra. Nenhum incircunciso poderá participar.

49. A mesma Torá se aplicará ao natural da terra e ao estrangeiro residente.

50. Todos os israelitas fizeram como YHWH tinha ordenado a Moshé e a Aharon.

51. No mesmo dia YHWH tirou os israelitas do Egito, organizados segundo as suas divisões.



Como visto, YHWH ordenou que seu povo guardasse Pêssach por todas as gerações, visando recordar a redenção da escravidão no Egito e sua saída para a Terra Prometida. Por tal motivo, Pêssach é denominado ”Festa da Liberdade”.

Na Torá, a festa de Pêssach também foi disciplinada em Vayikrá/Levítico 23:4-8 e Devarim/Deuteronômio 16:1-9.

A libertação do Egito é tão importante que, em Assêret HaDibrot (Dez Palavras/”Dez Mandamentos”), o 1º dos Dez Mandamentos fala justamente sobre isso:

“Eu sou YHWH, teu Elohim, que te tirei do Egito, da casa da servidão” (Shemot/Êxodo 20:2).



Pêssach (“passagem”) é uma palavra hebraica que provém de “passôach” (passar por cima). Na última praga decretada pelo ETERNO, os filhos de Israel marcaram o batente de suas portas com o sangue de um cordeiro sacrificado, e o anjo exterminador “passou por cima” de suas casas e levou à morte todos os primogênitos do Egito. Os israelitas adotaram o procedimento ordenado pelo ETERNO e foram poupados, porém, os egípcios incrédulos viram seus primogênitos morrer. Isto nos ensina que o ETERNO protege e recompensa os justos, mas pune os ímpios. Pêssach também se refere à “passagem” do povo de Israel, da escravidão à liberdade.

Eis alguns nomes pelos quais é conhecida a festa de Pêssach:

a) Chag Zemán Cherutênu (Festa do Tempo da Nossa Liberdade);

b) Chag HaMatsôt (Festa das Massas Não-Levedadas/”Pães Ázimos”). Este nome decorre do fato de o povo de Israel ter saído do Egito de forma tão rápida que não houve tempo de o pão fermentar. Disto se aprende a seguinte lição: o livramento do ETERNO vem de modo veloz, em um piscar de olhos.

c) Chag HaAviv (Festa da Primavera). A festa recai na primavera, estação que marca o nascimento de belas flores e de verdes plantas. A renovação da natureza na primavera simboliza o renascimento espiritual de Israel, que saiu da escravidão e, agora livre, estaria pronto para receber a Torá. A Torá não é um jugo, como dizem os incautos, mas um instrumento de liberdade, pois foi dada logo após a libertação do povo. Não faria sentido o ETERNO libertar o seu povo da escravidão e o escravizar por meio de sua Torá. A primavera aponta para novidade de vida de Israel: o escravo foi liberto; quem vivia debaixo das ímpias leis egípcias agora receberia a Torá, instrumento de bênçãos para aqueles que obedecessem a YHWH.

Vejamos algumas características fundamentais de Pêssach:

1) É celebrado a partir do pôr do sol do 14º dia do primeiro mês do calendário bíblico-israelita (Lv 23:5). Neste dia, há a mitsvá (mandamento) de se comer matsá (massa não-levedada) e marôr (erva amarga), conforme Ex 12:8. No passado era imolado o cordeiro e sua carne era comida, porém, esta prática não é mais adotada pelo Judaísmo rabínico em razão da inexistência do Beit HaMikdash (Templo). Para nós netsarim (nazarenos), existe uma outra razão adicional para não se matar e comer cordeiro: Yeshua é o Cordeiro de Elohim que já foi morto para a nossa redenção (Yochanan/João 1:29).

2) Após o término da refeição festiva de Pêssach, há uma vigília: “Assim como YHWH passou em vigília aquela noite para tirar do Egito os israelitas, estes também devem passar em vigília essa mesma noite, para honrar a YHWH, por todas as suas gerações” (Ex 12:42). Tal regra foi cumprida pelo Mashiach. Com efeito, após a refeição de Pêssach, Yeshua saiu com seus talmidim (discípulos) para orar em vigília, porém os talmidim não conseguiram permanecer acordados, e foram exortados pelo Mashiach (Matityahu/Mateus 26:26-45).

3) No 15º dia, inicia-se o período de 7 (sete) dias conhecido como festa das matsôt, pois se dever comer matsôt [massas não-levedadas/”pães ázimos”] durante estes dias (Ex 12:15,18; Lv 23:6).

4) Deve-se retirar de casa todos os alimentos fermentados/levedados (Ex 12:15,19).

5) É proibido comer qualquer coisa com chamêts (alimento levedado/fermentado) – Ex 12:15,19.

4) Em relação ao período de 7 (sete) dias, há convocação sagrada no primeiro e no sétimo dia, sendo proibido o trabalho, exceto para a preparação dos alimentos (Lv 23:7-8; Ex 12:16).



YESHUA E PÊSSACH

Consoante a narrativa de Lucas, Yeshua e sua família participavam todos os anos de Pêssach em Yerushalayim (Jerusalém), denotando que os pais do Mashiach eram fiéis ao cumprir o mandamento relativo a tal festa:

“Ora, todos os anos iam seus pais a Yerushalayim [Jerusalém] à festa de Pêssach.” (Lucas 2:41).



Já na fase adulta, Yeshua continuou a guardar Pêssach:

“E estava próxima Pêssach, e Yeshua subiu a Yerushalayim [Jerusalém].” (Yochanan/João 2:13).



Foi durante a celebração de Pêssach que Yeshua, reunido com seus talmidim, proferiu as famosas palavras:

“‘Peguem e comam; isto é o meu corpo’. Ele também pegou um cálice de vinho, disse uma b’rachá [benção], e o deu a eles, dizendo: ‘Bebam dele todos vocês. Porque este é o meu sangue, que confirma a Aliança Renovada [ou ‘Nova Aliança’], meu sangue derramado a favor de muitos, para que tenham os pecados perdoados’.” (Matityahu/Mateus 26:26-28).



Por conseguinte, se em Pêssach o cordeiro foi imolado e seu sangue aplicado na casa dos filhos de Israel para livrá-los da morte dos primogênitos (Shemot/Êxodo 12), paralelamente, Yeshua é o cordeiro de Pêssach que derramou o seu sangue para a remissão dos pecados de seus fiéis. Yeshua é o “Cordeiro de Elohim que tira o pecado do mundo” (Yochanan/João 1:29).

Mister destacar: em Pêssach, um cordeiro era imolado e sua carne era servida em uma refeição juntamente com matsá e vinho, visando recordar a redenção do povo de Israel no Egito. Quando estava com seus talmidim (discípulos) guardando a festa de Pêssach, Yeshua aproveitou o momento para demostrar que Ele é o Cordeiro de Pêssach, e que a matsá (“pão ázimo”) simbolizava o seu corpo e o vinho o seu sangue (Matityahu/Mateus 26:26-28).

Sha’ul afirmou que Yeshua é o nosso Pêssach, razão pela qual os netsarim celebravam esta festa no primeiro século (Curintayah Álef/1ª Coríntios 5:7-8).

Cumpre registrar que, no momento em que Yeshua estava celebrando Pêssach, disse a seus discípulos: “Isto é meu corpo, dado por vocês; façam isto em memória de mim” (Lc 22:19). Isto o que? A celebração de Pêssach!

Ou seja, Yeshua ordenou que a cada comemoração de Pêssach, em que um cordeiro era sacrificado, seus discípulos lembrassem que Ele é o Cordeiro que tira o pecado do mundo (Yochanan/João 1:29). Assim, Yeshua determinou que a celebração, como ato memorial, de sua morte e ressurreição fosse realizada em Pêssach (Lc 22:19), e não em outra data.

Portanto, Yeshua nunca instituiu uma “Santa Ceia” ou “Ceia do Senhor”, como pensam equivocadamente os cristãos, mas tão somente prescreveu que no sêder (ordem/serviço; “ceia”) de Pêssach, ou seja, na alimentação comunal que ocorre nesta festa, houvesse a lembrança de seu sacrifício expiatório.

Ante tais fatos, os netsarim (nazarenos) não celebram a “Santa Ceia” inventada pelo Cristianismo, mas comemoram a morte e a ressurreição de Yeshua na data em que ele determinou: a festa de Pêssach.

A “Santa Ceia” cristã, tal como celebrada pelos cristãos, tem origem nos rituais pagãos e idólatras, sendo estranha à festa de Pêssach instituída pelo ETERNO. Eis o comentário do cristão Frank A. Viola:

“O misticismo associado à Eucaristia [Ceia] deveu-se à influência do misticismo religioso pagão.

(...)

Mesmo descartando a noção católica da Ceia do Senhor enquanto sacrifício, os modernos cristãos protestantes continuaram abraçando a prática católica da Ceia.

(...)

A Ceia do Senhor composta por um biscoitinho (ou pedacinho de pão) e um dedalzinho de suco de uva (ou vinho) em nada se assemelha a uma ceia de verdade, o mesmo ocorre na Igreja Católica.

O humor é sombrio e taciturno. Como na Igreja Católica, o pastor diz à congregação que cada um tem que se examinar com respeito ao pecado antes de participar dos elementos. Uma prática que veio de João Calvino.

Como o sacerdote católico, muitos pastores ministram a ceia e recitam as palavras da instituição: ‘Este é o meu corpo’ antes de distribuir os elementos à congregação. Da mesma forma que a Igreja Católica. Com apenas algumas poucas mudanças, tudo isso vem do catolicismo medieval” (Cristianismo Pagão, páginas 113 e 114).



Vale ressaltar que Pêssach é totalmente diferente da “Santa Ceia” cristã, pois esta última:

1) tem origem na festa “ágape” da mitologia pagã greco-romana;

2) não é celebrada do 14º dia do primeiro mês israelita (Lv 23:5), e sim todos os meses;

3) usa pão fermentado no lugar da matsá (“pão ázimo”), o que representa violação à Torá (Ex 12:15,18; Lv 23:6);

4) não obedece às mitsvot (mandamentos) prescritas em Shemot/Êxodo 12;

5) desrespeita o comando de Sha’ul (Paulo) no sentido de que fosse celebrado o Pêssach (Curintayah Álef/1ª Coríntios 5:7-8).



Este é o motivo pelo qual os netsarim da atualidade não realizam o rito pagão denominado “Santa Ceia”, cuja origem está no misticismo católico. Substituem-na pela verdadeira festa determinada pelo ETERNO, que é Pêssach, comemorando tanto o episódio da libertação do povo de Yisra’el no Egito quanto - e principalmente - a morte e ressurreição de Yeshua HaMashiach.

Mister destacar, ainda, que Pêssach não é igual à Páscoa cristã, porquanto esta última:

1) não é comemorada no 14º dia do primeiro mês israelita e nos sete dias seguintes (Lv 23:5-6), e sim na data fixada pela Igreja Católica Romana em seu calendário gregoriano;

2) não segue os mandamentos preconizados na Torá (exemplo: os cristãos não fazem o sêder de Pêssach; não contam a Hagadá; não se alimentam de matsá durante o período da festa; não retiram o chamêts suas casas; não cumprem as convocações solenes de YHWH no primeiro e no sétimo dia de matsôt, etc).



ELEMENTOS DA REFEIÇÃO FESTIVA DE PÊSSACH (SÊDER DE PÊSSACH)

Na festa de Pêssach, que ocorre no 14º dia do primeiro mês, existem alguns elementos obrigatórios determinados pelas Escrituras, enquanto outros foram acrescentados pela tradição (elementos não-obrigatórios, facultativos).

São elementos obrigatórios:

1) Hagadá (Ex 13:8). Em Pêssach, deve-se contar a história da libertação de Israel no Egito. As pessoas devem falar sobre todos os acontecimentos, refletindo sobre o milagre da liberdade e agradecendo o ETERNO por sua bondade e consequentes bênçãos. No Judaísmo Nazareno, também se recorda o último Pêssach de Yeshua, quando o Mashiach aproveitou a festa para explicar que a matsá representa o seu corpo e o vinho o seu sangue, anunciando a sua morte expiatória para a confirmação da B’rit Chadashá (Nova Aliança/Aliança Renovada), consoante Matityahu/Mateus 26:17-30.

2) Matsôt (massas não-fermentadas/“pães ázimos”). As matsôt são servidas na refeição de Pêssach e também devem ser consumidas nos 7 (sete) dias subsequentes (Ex 12:8,15). Podem ser adquiridas em qualquer loja judaica, sendo possível a compra online com entrega em domicílio (http://www.sefer.com.br/).

É interessante o simbolismo em torno das matsôt. Já que o fermento é o símbolo do mal (Mt 16:6 e Mc 8:15), que cresce dentro do ser humano, durante Pêssach e nos 7 dias da Festa das Matsôt o homem deve se abster do fermento (maldade), ou seja, deve refletir sobre sua vida e abandonar os pecados ainda existentes em seu coração. Trata-se de um período de reflexão e de purificação espiritual.

Ademais, matsá (“pão ázimo”/sem fermento) também representa o corpo de Yeshua, o nosso Cordeiro de Pêssach, que foi entregue ao sacrifício: “Yeshua pegou a matsá, abençoou-a, partiu-a, e a deu aos talmidim, dizendo: Peguem e comam; isto é o meu corpo!” (Mt 26:26).

Há uma tradição de se colocar 3 (três) matsôt (“pães ázimos”) sobre a mesa, sendo que cada uma delas representaria certo patriarca de Israel: Avraham (Abraão), Yits’chak (Isaque) e Ya’akov (Jacó). Em certo momento, pega-se a matsá do meio, que representa Yits’chak, partindo-a ao meio, o que aponta para o quase-sacrifício de Yits’chak (Isaque) narrado em Bereshit/Gênesis 22. A matsá de Yits’chak também tipifica a morte expiatória de Yeshua, haja vista a conexão entre esta e os eventos descritos em Gn 22. Por este motivo, quando Yeshua pegou a matsá e afirmou “este é o meu corpo”, é provável que estivesse se referindo à matsá do meio (matsá representativa de Yits’chak/Isaque).

3) Marôr (erva amarga; ex: chicória, almeirão, alface romana, raiz-forte cortada). Na refeição de Pêssach, no 14º dia do primeiro mês israelita, ordenou o ETERNO que se comece marôr/erva amarga (Ex 12:8), podendo-se escolher uma das ervas acima exemplificadas.

Eis o simbolismo: devemos nos recordar de quão amarga era a vida de Israel no Egito, agradecendo a YHWH por ter livrado o nosso povo da escravidão. Nós, netsarim (nazarenos), também rememoramos que Yeshua nos libertou da escravidão do pecado, de HaSatan e do mundo.

3) Vinho kasher (sem fermentação) ou suco de uva. Consumido na refeição de Pêssach.

Também possui sentido metafórico. Lê-se na Torá que o sangue do cordeiro aplicado nos umbrais das portas livrou os primogênitos dos hebreus da morte, havendo condenação dos egípcios. Então, o vinho simboliza o sangue! Para o Judaísmo Nazareno, o vinho nos lembra do sangue de Yeshua que foi derramado para a expiação dos pecados daqueles que Nele creem: “Ele [Yeshua] também pegou um cálice de vinho, abençoou-o, e o deu a eles, dizendo: Bebam dele todos vocês! Porque este é o meu sangue, que confirma a Aliança Renovada [ou ‘Nova Aliança’], meu sangue derramado a favor de muitos, para que tenham os pecados perdoados” (Matityahu/Mateus 26:26-28). Já que o vinho alegra o coração do homem (Sl 104:15), devemos nos alegrar com a redenção ofertada pelo sangue de Yeshua!

Tradicionalmente, o Judaísmo rabínico se vale de cinco cálices de vinho: quatro alinhados e um por fora em destaque. O cálice destacado é o cálice de Eliyahu (Elias), pois muitos judeus esperam que Eliyahu apareça primeiramente para anunciar o Mashiach, que se revelaria em momento posterior (Malachi/Malaquias 3:23-24; versões cristãs: Ml 4:5-6). Para nós netsarim (nazarenos), Yochanan HaMat’bil (João, o Imersor) já veio e anunciou Yeshua HaMashiach, cumprindo-se a profecia (Matityahu/Mateus 11:14-15).

Eis a alegoria dos cálices de vinho: 1º cálice = santificação; 2º cálice = livramento das pragas do Egito; 3º cálice = benção/redenção; 4º cálice = louvor; 5º cálice = pertence a Eliyahu, segundo a visão rabínica.

Quando Yeshua pegou o cálice de vinho e disse que este seria o sangue da B’rit Chadashá (Nova Aliança ou Aliança Renovada), é possível que estivesse se referindo ao terceiro cálice de vinho, que tipifica a benção e a redenção operadas pelo seu sangue derramado.



Elementos da tradição judaica (facultativos, não-obrigatórios):

1) Chazêret (raiz/gengibre). Servem para complementar o Marôr, possuindo a mesma simbologia.

2) Charossêt (pasta doce de maça ou nozes, podendo ser acrescida de mel, obs: deve-se obter uma cor parecida com o barro). Tipifica a argamassa do qual os hebreus faziam argamassa no Egito, conotando o duro sofrimento do povo. Este elemento também nos lembra que com Yeshua nós somos libertos da escravidão e do barro existencial, e nossa vida torna-se doce como o mel.

3) Karpás (salsão, aipo ou salsa). Mergulha-se o karpás em um prato ou copo com água salgada, lembrando as lágrimas dos hebreus quando eram escravos, clamando ao ETERNO pelo fim do sofrimento. Também é possível recordar que Yeshua nos consola de nossas lágrimas e nos liberta da escravidão espiritual.

Mister observar que, quando Yehudá (Judas) meteu a mão no prato com Yeshua (Mt 26:23), este episódio pode se referir ao fato de se imergir a matsá com karpás no prato com água salgada.

Há quem entenda que Karpás representa o renascimento na primavera, e daí poderíamos vislumbrar uma figura do “novo nascimento” operado naqueles que creem em Yeshua (Yochanan/João 3).



Elementos que NÃO devem ser usados:

1) Beitsá (ovo cozido). Trata-se de um costume importado do paganismo da Babilônia, ligado aos cultos da fertilidade consagrados à deusa Ishtar, a “Rainha dos Céus”.

2) Zerôa[1] (osso queimado, geralmente da perna) ou carne de cordeiro[2], simbolizando o cordeiro pascal que era sacrificado na ocasião do Êxodo e durante o período do Templo. Ora, se Yeshua já morreu por nós, não faz qualquer sentido colocar um osso de animal para simbolizar o Mashiach. Vale destacar que Yeshua falou expressamente que seria a matsá (“pão sem fermento”) e o vinho que denotariam, respectivamente, o seu corpo e o seu sangue. Em outras palavras, o Mashiach indicou quais os elementos seriam usados em sua memória (matsá e vinho), e em NENHUM momento disse: “Peguem um osso queimado em minha memória e o coloquem na mesa”, ou: “O meu corpo e o meu sangue serão representados por um cordeiro que vocês deverão matar, servindo-o em um churrasco”.



REGRAS ALIMENTARES DE PÊSSACH

Existem três fundamentos pelos quais YHWH ordenou que seu povo não consumisse alimentos fermentados/levedados durante todo o período de celebração de Pêssach.

Primus, a saída do Egito foi tão rápida que a massa que os israelitas levaram não chegou a levedar, razão pela qual fizerem matsôt (Ex 12:39). Logo, alimentar-se de matsôt é ato memorial da rápida providência do ETERNO. Em Pêssach, há uma mudança radical em nossa rotina. Estamos acostumados a comer diariamente pão, e haverá a proibição absoluta de comer ou de até mesmo ter em casa pão. Isto nos serve para recordar que nossa vida mudou em Pêssach, pois passamos da escravidão para a liberdade.

Secundus, à luz das Escrituras, o fermento é símbolo da maldade e da corrupção (Mt 16:6 e Mc 8:15). Então, a abstenção de comer alimentos fermentados, durante a festa, tem por finalidade nos levar à reflexão sobre nossas vidas, purificando e abandonando os resíduos de fermento (maldade) escondidos em nossos corações. Infere-se daí que o ato material de não comer chamêts possui um propósito espiritual elevado, qual seja, a autorreflexão e a busca de crescimento interior.

Tertius, Yeshua disse que a celebração de Pêssach seria feita em sua memória (Lc 22:19), inferindo-se daí que a festa em tela comemora a morte e a ressurreição do Mashiach, que é a matsá: o “pão sem fermento” (sem pecado).



Eis um resumo sobre as leis alimentares de Pêssach:

1) Deve-se retirar de casa todos os alimentos (comidas e bebidas) fermentados/levedados (Ex 12:15,19).

2) É proibido comer ou beber qualquer coisa com chamêts, ou seja, alimento levedado/fermentado durante os sete dias festivos (Ex 12:15,19), bem como na noite anterior em que é celebrado o sêder de Pêssach (refeição festiva de Pêssach).

3) Em todo o período citado no item "2", deve-se comer matsá (Ex 12:15, 20).

O que é chamêts e o que é a matsá? Explica-se.

YHWH instituiu para Pêssach a proibição de que seu povo comesse qualquer alimento cuja massa tivesse passado por processo de levedação, formando chamêts.

O chamêts nada mais é do que o produto da massa que fermentou, levedou, inchou. Por outro lado, a matsá é fruto de uma massa preparada rapidamente, sem que houvesse tempo de passar pelo processo de levedação mencionado.

O chamêts é, portanto, o oposto da matsá. Enquanto o primeiro refere-se a uma massa inchada, o segundo refere-se a uma massa vazia.

Obviamente que a levedação não era considerada pelos hebreus em seu sentido técnico de “transformação decorrente da ação de leveduras”, mas sim no sentido popular de “crescer ou fazer crescer”, que é como deve ser entendida nos dias atuais.

Em outras palavras, todo tipo de massa que tiver passado por qualquer processo de crescimento deve ser evitada durante a festa de Pêssach, enquanto está liberado o consumo de toda massa murcha, vazia, que não tiver passado por nenhum processo de crescimento.

Exemplos de alimentos que NÃO podem ser consumidos durante a festa: pães comuns, pão sírio, pão de queijo, biscoitos de água e sal, pastéis, rissoles, salgadinhos industrializados em geral (como Cheetos ou Fofura), bolos, pizzas, massas (como macarrão, gnocchi etc), fécula de batata ou de mandioca (se utilizadas como meio de crescimento de massa), vinhos, cervejas e outras bebidas fermentadas. OBS: existe vinho kasher/lícito, ou seja, vinho não-levedado.

Exemplos de alimentos PERMITIDOS durante a festa: Pão sem fermento (matsá ou pão ázimo), legumes, verduras, frutas, arroz, feijão, milho, lentilhas, ervilhas, ovos, sopas, queijos, sorvetes, chocolates.

Vale ressaltar que, sendo a proibição de ingerir tais alimentos dirigida somente aos seres humanos, não há necessidade de tirar de casa as rações para animais que tenham passado por processo de fermentação.

Tampouco há a necessidade de se procurar migalhas de pães que eventualmente tenham caído atrás dos móveis ou pelos cantos da casa para serem removidas do lar durante a festa, visto que não iremos comer tais migalhas.

Há casos de alimentos que podem gerar dúvidas acerca da licitude ou não. Existem duas perguntas que precisam ser feitas: 1) O alimento é feito de qualquer tipo de massa consistente? 2) Houve o crescimento do alimento, inchando-se? Se as duas respostas forem afirmativas, o alimento é proibido. Se pelo menos alguma resposta for negativa, então, o alimento será permitido.

Caso haja dúvida, melhor evitar o consumo, até em razão de a festa durar curto espaço de tempo.



EPÍLOGO

“A alegria dos três grandes festivais, Pessach, Shavuot e Sukot, nos dá uma participação na Luz Interior de Elohim, trazendo uma nova vida para a mente e alma, e aumentando a nossa percepção de Elohim”. Rabbi Nachman de Breslov, Likutey Moharan I, 30.



“...Porque o Mashiach [Messias], nosso Pêssach, já foi sacrificado.

Pelo que celebremos a festa ...” (Curintayah Álef/1ª Coríntios 5:7-8).



חג פסח שמח

Chag Pêssach sameach!

Feliz festa de Pêssach!


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